quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Crônica

Ser feliz com o pé na lama

Por Elismar Pinto

São exatamente 11:15 h da manhã de um dia de quarta-feira. O dia está quente, abafado, ensolarado, sem uma nuvem sequer. Para a D. Penha, dia bom para lavar roupa, “Vai secar num instante! Com esse sol”. Falo eu, para a D. Penha. Eu sou Elismar Pinto, tenho 26 anos, e sou vizinha desta simpática senhora há mais de vinte. Moramos na mesma rua do Bairro do Alto de Coutos.

Penha, como é carinhosamente chamada pelos amigos, é dona de casa, às vezes diarista, quando consegue algum bico. Ela é negra, baixinha, gorda e farta de seios, deve ter uns 55 anos, os seus cabelos são duros, grisalhos e vivem soltos e despenteados. Ela é bem pobre, mora em uma casa de lona e madeirite. Tem um marido alcoólatra que há tempos está desempregado. Dos cinco filhos que pariu, um, está preso, deu para o que não presta, os outros foram embora, há muito tempo não se tem notícias. Porém, apesar de tudo, ela se mostra uma pessoa feliz. Sadia e de uma tão feliz disposição de gênio e otimismo, que tudo a leva a rir, mas um sorrir natural, sincero e despreocupado, sorriso de verdade, de felicidade que ela consegue enxergar não se sabe de onde.

E foi cercada de pessoas como a D. Penha, que eu cresci, e convivo até os dias de hoje, gente que sabe sofrer, perder, chorar, viver e quando não tem mais jeito rezar. Algumas aprenderam a morrer, porém outras, de fato sabem o que é viver. Pessoas felizes de verdade, que apesar te todas as dificuldades, e são muitas as dificuldades, conseguem levar a sua vida injusta, com retidão e honestidade.


Não lastimo em ter crescido em um lugar tão humilde, esse fato me ensinou a dar o devido valor às coisas, sobre tudo as pequenas coisas, apesar de ter que pisar na lama todos os dias. Quando me refiro à lama e as dificuldades do local, logo vem uma pessoa para me recriminar, afirmando que existem lugares piores. D Penha, com a sua visão otimista das coisas, é uma delas. Ela diz que dificuldade existia antigamente, quando o bairro não tinha água nem luz, e começa a narrar de maneira muito divertida toda a transformação do local, que para ela, foram enormes progressos.


Moradora antiga do bairro do Alto de Coutos, ela acompanhou de perto toda essa metamorfose, e com alegria brinca dizendo que ajudou a fundar o bairro, que derrubou as árvores e ateou fogo nos capins. Quando ela começa a narrar as transformações do local, me obriga a relembrar a minha infância, pois mudei para o bairro ainda muito pequena, e guardei algumas lembranças, algumas experiências, situações que me marcaram, que me fiseram crescer como ser humano e pessoa.


Essas transformações foram decisivas para o crescimento do local. Crescimento no sentido bem denotativo da palavra, pois o bairro cresceu, porém em muitos aspectos não se desenvolveu.


Antes de ser batizado com o nome de Alto de Coutos, o bairro chamava-se Parque Carvalho. Pois, há aproximadamente trinta anos atrás, todo o território era uma grande fazenda que pertencia à família Carvalho. Com a morte dos donos, essa fazenda foi dividida e aos poucos vendida, e por fim transformou-se em um grande loteamento.


Ao olhar do quintal da minha casa, eu tinha a impressão de estar no meio de uma grande floresta. Tudo o que eu conseguia vislumbrar era coqueiros, gameleiras, trepadeiras, jaqueiras, mangueiras, árvores de muitas espécies, plantas exóticas com verdes de todos os tons. E entre elas, algumas casinhas aqui e acolá cercadas de mato.


Os terrenos eram irregulares cheios de rebentões, desnivelados e recheados de buracos. As ruas, eram caminhos estreitos pareciam trilhas que serpenteavam entre os capins cortantes, grandes e ásperos que cresciam sobre toda a extensão do meu horizonte.


O Progresso

Uma certa manhã chega o “progresso”, em forma de tratores, maquinas gigantes que trabalhavam sem parar. Primeiro cortando o capim, depois tapando os buracos e por fim derrubando as árvores. Aos poucos, as diferentes tonalidades de verde, deu lugar para um enorme espaço vazio, com um chão de terra avermelhada, que a cada dia que passava era ocupada por uma minúscula casinha de taipa, e depois de bloco, e depois de lage, e atualmente há tantas casas, que é até difícil separar uma da outra.


Para uma criança, acompanhar tudo aquilo era uma experiência fantástica. Eu não tinha idéia do que era tudo aquilo, algumas vezes ficava triste porque gostava das árvores e das plantas, mas também me divertia ao ver a aparição de uma nova casinha. A maioria delas era azul e verde, outras rosa e algumas amarelas. D. Penha, brinca dizendo que pobre adora pintar a casa de verde, ela diz que da esperança. E foi essa esperança que segundo ela lhe deu forças para continuar seguindo a sua vida, e passar por tantas privações durante todos esses anos.


Atualmente quando afirmo que o bairro não progrediu, me refiro à estrutura física do local. Apesar de todos esses anos, algumas pessoas ainda sofrem sem água encanada, algumas famílias ainda utilizam água de poços. As ruas não são pavimentadas, exceto a rua principal, e não há coleta diária de lixo. O local é cheio de ladeiras, escadas, ruelas estreitas, umas casas em cima da outra, do lado, embaixo, parece um labirinto que muitas vezes não tem saída. Algumas ruas são sujas, movimentadas, cheias de botecos com homens bebendo e falando palavrões, crianças correndo para lá e para cá, brincando de bola, de gude e fura pé.


No entanto, também há lugares bem diferentes. Com boas casas, comércio, lojas de pequenos empresários, donos de escolas e mercados, pessoas com mais de um automóvel, com TV a cabo e computador. Existe uma grande desigualdade nas adjacências. Se de um lado permanece uma acentuada penúria, do outro há uma iniciativa de um possível progresso.


Lembro-me que na época, o bairro só contava com uma linha de transporte coletivo que era Alto de Coutos x Terminal da França. Esse fato fazia com o que os ônibus andassem superlotados obrigando muita gente a recorrer ao trem. Além de ser mais barato, na época, era mais agradável.


A primeira vez que entrei no trem, tinha seis anos, fiquei tão feliz que nem consegui olhar a paisagens na janela. Mas, alguns passeios depois, comecei a prestar atenção em tudo o que estava a minha volta. Eram pessoas de todos os tipos, cores, tamanhos e estilos. Trabalhadores, estudantes, vendedores de algodão doce, de picolé, de balas e salgadinhos, pastores que diziam pregar a palavra, os ambulantes então, era um espetáculo a parte, com todo o tipo de bagagem possível.


Quando o trem iniciava sua longa trajetória de 13,7 quilômetros em sua marcha lenta e que aos poucos acelerava, proporcionalmente o seu rítimo me embalava. Sempre procurava sentar perto da janela, pois gostava de olhar a paisagem, era quase hipnótica. Nela via vários rostos, tristes, alegres, sem expressões, alguns indecifráveis, pessoas igualmente pobres, das quais eu já conhecia, mais não tinha aquela alegria da qual eu estava acostumada a ver. Com isso comecei a perceber que havia acentuadas diferenças entre as pessoas, entre os lugares, no estilo de vida de uma forma geral.


Porém, o que mais me marcou nessas viagens de trem, foram às palafitas do bairro do Lobato. Se eu ficava impressionada com a aparição de casinhas coloridas, imagine quando vi pela primeira vez uma casa flutuando na água. Fiquei estasiada e ao mesmo tempo horrorizada, era o meu primeiro contato com o diferente. Até então eu não conhecia outra realidade diferente da minha. Ao ver uma criança que era quase um neném, fazendo côco na água, perguntei para a minha mãe se ali não tinha banheiro? Ou um penico? Porquê ele estava nu, e se alguém ia limpar o bumbum dele?


E, ao olhar as palafitas, me perguntava: como foi construída? Como seria morar lá? Será que as pessoas tinham medo de cair? Onde as crianças brincavam? E quando chovia, como as pessoas dormiam? Porquê a maré não conseguia derrubar? Como uma varinha tão fininha sustentava o peso de uma casa com pessoas dentro dela? E todos esses questionamento regidos ao som do trem passando na ponte: “café-com-pão-café-com-pão-café-com-pão”, e de repente a escuridão total do túnel, que me assustava e me fazia sair de todas essas indagações.


A Conclusão

Depois, mais tarde quando comecei a perceber como a vida é cruel e injusta com algumas pessoas, o meu questionamento era: o que leva uma pessoa como a D. Penha que é pobre, feia, e mora na lama, a sorrir e ser feliz? E me surpreendi com a sabedoria de sua resposta, quando lhe fiz essa pergunta. E com base na sua resposta cheguei a essa conclusão:

Muita gente acha que felicidade é ter uma vida livre de dores, problemas, lutos, onde nada de ruim acontece. Que é amar alguém sem defeitos, que é ter dinheiro de sobra, sucesso sem competição, saúde perfeita, amor incondicional, tudo isso em um corpo escultural magrinho e sem celulite. Só que essa felicidade não existe. E correr atrás dela é um desperdício de vida sem paralelo. Aprendi que temos que tentar colocar os inexoráveis problemas em perspectiva, isto é, dar a eles o tamanho real, e começar a ser feliz, com ou sem eles.

O que faz essas pessoas serem felizes e sorrir verdadeiramente é que, eles têm uma visão diferente do que é a vida, tem sensibilidade o suficiente para perceber o que é quase imperceptível , pois não estão acostumados a viver coisas grandiosas. Porque o que traz felicidade, é simples, banal, corriqueiro. Todos têm nacos de pequenas felicidades diárias que formam uma felicidade grande, arredondam a conta.

Felicidade é a volta por cima depois de um baque, é a vitória após um desafio, mesmo que dure apenas um instante. É se olhar no espelho e aprender a gostar do que vê. É ter sensibilidade de saber reconhecer os defeitos inaceitáveis em um parceiro ou amigo ou irmão.


Para mim, é surpreendente e gratificante viver perto de pessoas tão ricas e sabias, são meus visinhos, pisam na lama como eu todos os dias, os cumprimento e converso com eles sempre que o tempo dá. E a cada conversa é uma lição de vida diferente. Apesar de continuar a reclamar quando sujo os meus pés na lama, gosto de ter por perto pessoas com que posso contar e aprender, tenho que admitir, que essa gente a minha gente sabem o sentido da palavra viver em toda o seu amplo conceito.

Reportagem

Religiões de matriz africana criam formas de preservação o meio ambiente ecológico


Por Elismar Pinto e Vilma Neres


Sentada em uma das cadeiras de madeira que cerca a mesa presente na sala receptiva do Terreiro Ilê Axé Oiá, mãe Santinha já aguardava para a entrevista que começaria às 14hs. Perguntei para dona Anízia Rocha da Silva, 81 anos, se poderia iniciar a entrevista ligando o gravador de áudio, ela, mãe Santinha respondeu com sinceridade que não seria possível gravar a sua fala. Porque ao longo da conversa pudessem surgir citações que não dizem respeito aos não adeptos do Candomblé.


“O Candomblé se serve da natureza e as plantas são elementos da natureza utilizados dentro do Candomblé. Portanto, sem a natureza não existe Candomblé”, salientou mãe Santinha. O uso das plantas é hoje manipulado pelas yalorixás dentro dos terreiros de Candomblé. Estas adquiriram esse conhecimento através de seus ancestrais africanos e indígenas. As yalorixás guardam consigo a sabedoria e o manejo das plantas, folhas, raízes, frutos e das árvores para fins medicinais e espirituais. “As folhas são elementos formidáveis dentro do Candomblé. Além de sua utilidade para a saúde espiritual às utilizamos para a cura de doenças física”, disse mãe Santinha.

O amor à natureza e o desejo de que ela seja preservada ou utilizada racionalmente pelas pessoas, podem ser constatados nas primeiras escrituras sagradas. Quase todos eles fazem referência à vida das plantas, dos animais silvestres e dos indivíduos, como elementos integrantes do meio ambiente. Entre as escrituras sagradas podem ser citados os Vedas, a Bíblia e o Corão. Diversos são os textos escritos. Muitos deles, há quase 2.500 anos atrás e já mencionavam uma preocupação acentuada com a conservação da natureza

Além dos princípios de religiosidade, os homens considerados santos, na época, veneravam o ar, a água, a terra (como fonte de vida e alimento) e o fogo (energia). Todos estes, eram considerados como partes integrantes do Cosmos, e sem eles não teria condição de vida. Essa religiosidade procurava demonstrar a inter-relação de todos os seres vivos e dos elementos abióticos que os cercam. Isso se identifica na disciplina que hoje é estudada nas escolas e universidades sob o nome de Ecologia.

Para as religiões de matriz africana os deuses são representados através dos vários elementos da natureza. Segundo mãe Santinha, cada indivíduo possui um Orixá que interfere no curso de sua vida. Sendo assim, cada indivíduo não poderá utilizar qualquer folha sem antes pedir permissão aos Orixás por meio do jogo dos búzios. Além das ervas, como elementos terapêuticos, o Candomblé utiliza outros elementos da natureza destinados à cura.

Sentadas defronte para a mata que cerca o Terreiro Ilê Axé Oiá sentimos a suavidade do ar puro que a Salvador não conhece. Parecíamos estar muito distante do ar empoeirado causado pela queima dos combustíveis de automóveis. O Terreiro fica situado em uma das periferias do Parque São Bartolomeu. Mata verde e pouco freqüentada pelos soteropolitanos. Este é um dos poucos lugares verde que a cidade de Salvador abriga. A sua extensão é acompanhada pelo rio Cobre.

Para mãe Santinha a exploração predatória feita pelo homem, ao provocar desflorestamento, poluição da água, do solo do ar e ao dizimar populações animais, leva a extinção de muitas espécies inclusive das plantas, muitas das quais, servem de matéria prima para cura de diversas doenças. Segundo ela muitas espécies de plantas, sequer foram descobertas. “Estamos destruindo um tesouro que nem sequer conhecemos”. Termina a valorixá.

O culto aos Orixás requer percepção e purificação interior do corpo. Esse asseio é realizado por meio de banhos de folhas e com pedidos de redenção aos orixás. Segundo a farmacêutica e doutora, Mara Zélia, o primitivo dependia fundamentalmente da natureza para sobreviver. Contudo, o saber sobre a utilidade de determinadas plantas foi se perdendo no decorrer das civilizações. Na contemporaneidade o conhecimento das ervas é dos índios, africanos, yalorixás, babalorixás e estudiosos do assunto.

Na perspectiva que trilha os ensinamentos do Candomblé poderíamos ter no amanhã uma sociedade muito mais humanizada e de bem com a natureza. “Aqui no Ilê temos uma horta comunitária, destinada para o bairro de Conjunto Pirajá. Nessa horta plantamos e cultivamos somente plantas medicinais. Há variedades de plantas. A comunidade, sendo uma parcela evangélica, católica e de candomblé vem buscar as folhas quando necessário e sem nenhuma discriminação no que se refere ao candomblé”, declarou mãe Santinha.

Para o candomblé todas as plantas são sagradas. Os seus frutos e as suas sementes, cada uma com as suas propriedades, oferecem ao homem e a mulher nutrientes necessários à vida. “A medicina utiliza a extração das ervas para a produção de remédios e nós, de candomblé, as utilizamos como forma de colhermos a sabedoria destinada a nossa proteção física e espiritual”, complementou mãe Santinha.

No processo de amadurecimento e evolução das idéias e de comportamento, que dizem respeito à natureza, surge a Declaração sobre o Ambiente Humano que foi estabelecida na Conferência de Estocolmo em 1972. Cujas prerrogativas tinham o objetivo de servir de inspiração e orientação à humanidade para a preservação e melhoria do meio ambiente. 20 anos depois, houve a Conferência do Rio de Janeiro, a Rio 92, e mais recentemente pela de Joanesburgo na África do Sul, a Rio +10.


Atualmente o chamado desenvolvimento sustentável é o único capaz de propiciar condições de preservar os recursos naturais e condições de vida saudável para as gerações futuras. Para que isto ocorra, a educação ambiental tem uma importância extraordinária porque conscientiza e altera os padrões de comportamento do ser humano em relação à natureza.

Resenha

Os Miseráveis

SINOPSE
Após cumprir 19 anos de prisão com trabalhos forçados por ter roubado comida, Jean Valjean (Liam Neeson) é acolhido por um gentil bispo (Peter Vaughan), que lhe dá comida e abrigo. Mas havia tanto rancor na sua alma que no meio da noite ele rouba a prataria e agride seu benfeitor, mas quando Va

ljean é preso pela polícia com toda aquela prata ele é levado até o bispo, que confirma a história de lhe ter dado a prataria e ainda pergunta por qual motivo ele esqueceu os castiçais, que devem valer pelo menos doi

s mil francos. Este gesto extremamente nobre do religioso devolve a fé que aquele homem amargurado tinha perdido. Após nove anos ele se torna prefeito e principal empresário em uma pequena cidade, mas sua paz acaba quando Javert (Geoffrey Rush), um guarda da prisão que segue a lei inflexivelmente, tem praticamente certeza de que o prefeito é o ex-prisioneiro que nunca se apresentou para cumprir as exigências do livramento condicional. A penalidade para esta falta é prisão perpétua, mas ele não consegue provar que o prefeito e Jean Valjean são a mesma pessoa. Neste meio tempo uma das empregadas de Valjean (que tem uma filha que é cuidada por terceiros) é despedida, se vê obrigada a se prostituir e é presa. Seu ex-patrão descobre o que acontecera, usa sua autoridade para libertá-la e a acolhe em sua casa, pois ela está muito doente. Sentindo que ela pode morrer ele promete cuidar da filha, mas antes de pegar a criança sent

e-se obrigado a revelar sua identidade para evitar que um prisioneiro, que acreditavam ser ele, não fosse preso no seu lugar. Deste momento em diante Javert volta a perseguí-lo, a mãe da menina morre mas sua filha é resgatada por Valjean, que foge com a menina enquanto é perseguido através dos anos pelo implacável Javert.


FICHA TÉCNICA

Título Original: Les Misérables
Gênero: Drama

Tempo de Duração: 131 minutos
Ano de Lançamento (EUA):
1998
Site Oficial: www.spe.sony.com/movies/lesmiserables
Estúdio: TriStar Pictures / Mandalay Entertainment
Distribuição: Columbia Pictures
Direção: Billie August
Roteiro: Rafael Yglesias, baseado em livro de Victor Hugo
Produção: James Gorman e Sarah Radclyffe
Música: Basil Poledouris
Fotografia: Jörgen Persson
Desenho de Produção: Anna Asp
Direção de Arte: Peter Grant
Figurino: Gabriella Pescucci

Edição: Janus Billeskov Jansen
Efeitos Especiais: The Moving Picture Company

ELENCO

Liam Neeson (Valjean)
Geoffrey Rush (Javert)
Uma Thurman (Fantine)
Claire Danes (Cosette)
Hans Matheson (Marius)
Reine Brynolfsson (Capitão Beauvais)
Peter Vaughan (Bispo)
Christopher Adamson (Bertin)

Tim Barlow (Lafitte)
Timothy Bateson (Banqueiro)
Veronika Bendová (Azelma)


Resenha


Uma Comovente Opção


Por Elismar Pinto


É comovente a trajetória do Jean Valgean (Liam Neeson), personagem principal da obra “Os miseráveis” / EUA 1998. Um

a história emocionante e envolvente, que nos leva ao século XIX, momento de transição histórica para a França, que sofre com conflitos políticos, revolta e manifestações populares. Tudo isso servindo como pano de fundo para uma história fascinante que relata com profundidade a injustiça social, nos faz pensar em nossos valores, conceitos e na triste condição humana de um indivíduo que precisa roubar para comer.


Foram feitas muitas adaptações

desta obra para o cinema, e nos últimos anos, foi um dos musicais de maior sucesso em todo o mundo, mas essa película foi baseada na obra de Vitor Ugo, clássico da literatura francesa.


O filme fascina pela maneira realista que narra os fatos, nos mostra que existem muitas pessoas como o “ex-galé” Jean Valgean (Liam Neeson), como a órfã Cosette(Claire Danes),não talvez com a mesma sorte, como a operária e depois prostituta Fantine (Uma Thurman). Personagens bastante vívidos e presentes em nosso meio e no seio da nossa sociedade, basta sairmos à rua, ler revistas ou assistir aos telejornais e iremos nos defrontar com pessoas que poderia servir de inspiração para uma continuação dessa obra, ou até mesmo protagonizar juntamente com o Liam Neeson essa triste história.

O filme narra a trajetória de um homem, que depois de roubar um pão, é preso e passa grande parte da sua vida na prisão, lá se torna uma pessoa triste, amarga e sem esperança. Depois de cumprir a sua pena tente se inserir novamente na sociedade e é rejeitado, o que o torna ainda mais revoltado. Mais tarde é profundamente transformado, p

or um gesto de desprendimento e generosidade do Bispo da cidade (Peter Vaughan), a partir daí, ele descobre ou redescobre os valores morais, de ética, bondade e amor ao próximo, se tornando um homem bom e generoso, criando em si uma nova consciência, e a sua vida passa a ser um reflexo dessa nova personalidade. È quando conhece Fantine (Uma Thurman), prostituta e sua ex-operária, muito doente, Fantine (Uma Thurman) o faz prometer cu

idar da sua única filha Cosette (Claire Danes), que cresce ao lado de jean Valgean(Liam Neeson), para Cosette(Claire Danes) única figura paterna.


Jean Valgean (Liam Neeson) é incessantemente perseguido por Javet (Geoffrey Rush), inspetor de polícia e uma enorme pedra no seu sapato. Javet(Geoffrey Rush) é uma figura seca, imponente e excessivamente correta, capaz até de prender a própria mãe se esta assim violar uma lei. Para Javet(Geoffrey Rush) é uma questão de honrra prender novamente o fugitivo jean Valgean(Liam Neeson), e torna isso grande motivação para a sua vida.


O filme nada deixa a desejar ao livro, o roteiro “prende” o espectador e o leva até o seu surpreendente e emocionante

final. Dirigido por Billie August de maneira muito inteligente e fiel a obra original, Os miseráveis também se destaca pela sua parte técnica, trabalhou com diferentes figurinos, maquiagem e fotografia quando mostrou a passagem de década de maneira eficiente e eficaz, o que levou o espectador a também viajar pelo tempo, envelhecer com Jean Valgean(Liam Neeson) e crescer com a Cosette(Claire Dan

es).


O roteiro não modificou muito em relação à obra original, o que não levou a grandes surpresas para quem já conhecia a obra por outras adaptações. A trilha sonor

a de Basil Poledouris também não se destaca muito, ao contrário do ator Liam Neeson, que cai como uma luva para o personagem principal, depois de ver a película não consigo imaginar um outro ator para interpretar o papel do protagonista. Uma Thurman também teve uma singular participação, embora breve, mas muito marcante e de profunda importância para o desencadeamento da história.


Contudo o filme é um trabalho digno de elogios e de bons comentários, embora não tenha ganhado nenhum prêmio, levou o público às salas de cinema. A história faz com que nos deparemos com uma inesperada lição de vida e ética, que nos são apresentados em 131 min.

Os miseráveis uma obra fantática e surpreendente que vale a pena ser vista e sentida, não somente para quem deseja absorvê-la e refleti-la, mas também como uma excelente opção de entretenimento, pois um bom filme é sempre e em qualquer ocasião uma ótima diversão.



Principes e Princesas

SINOPSE : B e m -vindos ao teatro de sombras do animador Michel Ocelot. Neste criativo filme de silhuetas animadas, uma menina e um menino encenam fantásticas peças de teatro, auxiliados por um velho técnico desempregado. Eles se transformam em herói e heroína de seis contos e viajam para todos os cantos do mundo, indo do passado remoto ao futuro distante. O filme apresenta um universo de elegantes e encantadoras figuras que deslumbram espectadores de todas as idades, mostrando a beleza do Antigo Egito, a poesia da arte japonesa, o romance da Idade Média e os prodígios do ano 3000.



Príncipes e Princesas, combinação de diversão, leveza e poesia



Por Elismar Pinto


Príncipes e Princesas” um filme que combina diversão, criatividade, beleza, leveza e poesia, tudo sob a batuta do diretor e animador Michel Ocelot. A película estreou com cópias legendadas e dubladas. As cópias dubladas foram interpretadas pelas vozes dos atores Othon Bastos, Ernesto Piccolo e Giulia Gam. São aproximadamente uma hora e doze minutos de diversão, surpresas e puro encantamento, divididos em seis pequenas histórias de 12 minutos cada, que gira em torno dos personagens que foram e são clássicos da literatura mundial e, que dá nome ao título. “Principes e Princesas”, é de 1999, e levou uma década para ser finalizado, sendo que, quatro deles era parte de um trabalho anterior de Ocelot, Cine Si, de 1989. O talento do animador francês Ocelot, foi evidenciado a partir do seu primeiro longa-metragem, o desenho animado “Kiriku e a Feiticeira”. A sua história baseava-se em uma lenda africana, e surpreendeu ao mostrar aspectos da África que, até então, não eram evidenciados. Uma África mais próxima da realidade, fome e miséria, e é onde nasce Kiriku personagem que protagonizou o filme.


Príncipes e Princesas”, começa com a história de uma menina e um menino que encenam peças em um teatro de sombras, assistidos por um velho técnico. Os contornos animados aos poucos vão transformando-se em heróis e heroínas que viajam para diferentes cantos no mundo. Mostram diferentes culturas e apresente um mundo encantador que parte desde um passado remoto do Antigo Egito, passando pela idade média e vai até o futuro distante do ano 3000.


O filme e narra, importantes aspectos do comportamento humano de uma maneira divertida e atraente, que vão dos mais bizarros (o conto O Príncipe e a Princesa), aos mais instigantes (o conto A Bruxa). E, o melhor é descobrir que, mesmo um tema tão comum, como o apresentado por Acelot (Príncipes e princesas), é possível criar, recriar e dar um rumo inusitado a histórias. A exemplo do conto A Bruxa, que quebra o estereótipo do mal e finaliza a história com o príncipe casando com a bruxa, e tornando-a a sua princesa.


Não questiono a criatividade do autor, mas, considerei o conto (O Casaco da Velha), certo exagero, que no final ficou meio sem nexo, é claro que foi divertidíssimo assistir uma “inofensiva” e inocente velhinha, dar uma lição em um espertalhão, e o cenário também estava fantástico, mas daí, a simpática senhora, persuadir um bruta-montes a mante-la todo o tempo nas costas , para mim foi demais! E no final, além de dar um passeio maravilhoso, o dito-cujo, ainda foi presenteado com o casaco, pode!


Todavia, o longa fascina pela maneira poética que narra as histórias, pode tudo, o que a imaginação mandar, pode até um fabulo virar príncipe e casar com a princesa (A Rainha e o Fabulo), pode até uma mulher no ano 3000, esperar por um príncipe!